“Oi, tudo bem?” Quase sempre respondemos “Tudo bem” mesmo quando, muitas vezes a resposta poderia ser “Tudo bem mal”. Será por excesso de otimismo, resignação fatalista, ou esperança de que todas as coisas tem um propósito?
O que é saber sofrer? Muitos cruzam os braços parecendo exigir que as coisas melhorem num paço de mágica. Outros calçam botas impermeáveis e procuram atravessar os lodaçais que a vida propõe. Mesmo que muitos não gostem de admitir que o sofrimento faça parte da vida, na verdade , isso só acaba por aprofundar ainda mais seu sofrimento.
Poucos exemplos recentes são tão fortes quanto os do ex-vice-presidente Alencar que, depois de cada uma das quase 20 cirurgias, mostra um sorriso sereno e se manifesta com palavras de confiança e esperança que ultrapasssam os limites da vida. E não é por teimosia. A mensagem que ele parece estar passando é: “olha, gente, eu não procurei essa doença para mostrar que sou melhor do que outros. Mas quero aceitá-la como algo que pode ser maior do que eu”. Várias vezes ele manifestou sua esperança em Deus e na vida depois da morte.
Na Quaresma somos confrontados com um modelo de sofrimento diferente, em que um Pai pede a Seu único Filho que se submeta voluntariamente a sofrimentos infernais e, inclusive, a morte para que a humanidade criada por ele volte a ter esperança.
Não, ele não prometeu livrar de sofrimentos. Dificuldades, desencontros, fatalidades iriam continuar fazendo parte, com maior ou menor intensidade, das nossas vidas. E sim, para que nestas horas possamos fazer valer nossa fé e esperança em Cristo. A Quaresma, portanto, mais do que qualquer coisa, vem para nos ensinar que, na fé e na esperança, há espaço para a superação. Quando a gente se apega à promessa do Senhor da Quaresma: “Quem acredita em mim, ainda que passe pelo sofrimento da morte, VIVERÁ”, então a gente também aprende que SABER SOFRER É VIVER.
Oscar Lehenbauer
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