A Polícia Federal do RS, aderindo ao movimento nacional de reivindicação por reajuste salarial e melhorias nos equipamentos, realizou duas ações que deixaram a população indignada: a fiscalização que trancou o trânsito na ponte do Guaíba e a operação padrão no aeroporto Salgado Filho que atrasou voos e causou transtornos a muita gente.
Essa operação me trouxe à memória duas palavras que vem à tona em situações parecidas: direitos e deveres. Não sei se por causa da Constituição Federal de 1988, a tendência é sempre defender os direitos próprios e apontar os deveres dos outros. É o que está acontecendo nesses movimentos grevistas que se acentuaram em âmbito federal: em vez de a população ser protegida, ela é usada como massa de manobra.
Ainda bem que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, endureceu o tom contra os grevistas da Polícia Federal nesta quinta-feira (16) e considerou que as manifestações realizadas pelo movimento são “inaceitáveis” dentro da liberdade democrática. Seu veredito tem base nesse pensamento: “Uma coisa é cumprir a lei, outra coisa é abusar dela com o objetivo de atingir aquilo que não é interesse público”.
Do ponto de vista bíblico, a tendência de acentuar os direitos próprios e apontar os deveres dos outros precisa ser invertida. Uma passagem bem clara no contexto da autoridade é esta do apóstolo Paulo: Não fiquem devendo nada a ninguém. A única dívida que vocês devem ter é a de amar uns aos outros. Quem ama os outros está obedecendo à lei (Romanos 13.8).
Se da “autoridade dos pais emana e se irradia toda outra autoridade” como escreveu Lutero no Catecismo Maior, está aí um grande desafio para quem está no lugar de governante ou de governado. Cada um pode focar seus deveres com base no amor inspirador de Cristo, que serão evidenciados os direitos dos outros. E como a tarefa é imensa, a dívida de amor precisa ser constantemente zerada pelo perdão de Cristo, que penhorou seu sangue para pagar essa conta.
Edgar Lemke
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