Tenho anotada em meu caderno a expressão “não erra menos quem erra com muitos” como sendo de autoria de Lutero. Não consegui precisar a fonte nem o autor, mas concordo inteiramente com o ditado.
De fato, não erra menos quem erra com muitos quando se fala em pecado original. Jesus, na conversa com o fariseu Nicodemos, arremata: “O que é nascido da carne é carne. Por isso não fique admirado porque eu disse que todos vocês precisam nascer de novo” (João 3.6,7). Essas palavras de Jesus fundamentam o que o apóstolo Paulo escreveu sobre a realidade humana escancarada no feriado de Finados: “Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos 5.12).
Também não erra menos quem erra com muitos quando se fala em pecado atual. Esta tomada de consciência precisa ser exercitada quando se vive a ética das estatísticas. A ventania do argumento “todo o mundo faz” vira furacão que arrasta multidões. Basta fazer uma pesquisa relativamente séria sobre determinado comportamento e o que era conceitualmente errado vira certo. Separação entre casais? Relações homoafetivas? Sexo fora ou antes do casamento? Aborto?
Mas fiquemos em temas menos dolorosos. O torcedor de futebol serve-se da multidão para soltar os palavrões que estão engasgados no peito a semana inteira. O sujeito engajado num protesto qualquer se esconde na multidão para provocar atos de violência. O cônjuge infiel se infiltra no anonimato da cidade grande para suas aventuras extraconjugais. Seja a situação que pintar “não erra menos quem erra com muitos”.
E os acertos? Acerta menos com acerta com poucos? Jesus foi o único que acertou todas e, pelo menos na cruz, esteve absolutamente sozinho. Por isso Paulo escreveu: “Por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos” (Rm 5.19). Quando Jesus entra em nosso coração podemos, à luz da Palavra de Deus, nos livrar da ditadura da maioria.
Edgar Lemke