Uma passagem do livro Cristianismo Puro e Simples de C.S.Lewis (escritor e teólogo) me chamou a atenção e gostaria de compartilhá-la com vocês na devoção de hoje. No trecho abaixo, Lewis explica porque a Ciência de Deus, a Teologia, deve ser ensinada a todos:
Lembro-me de certa ocasião em que dava uma palestra para um grupo de pilotos e um oficial velho levantou-se e disse: “Nada disso tem serventia para mim. Eu também sou um homem religioso. Sei que existe um Deus. Sozinho no deserto, à noite, já senti a presença dele: o tremendo mistério. E é exatamente por isso que não acredito em todas essas fórmulas e esses dogmas a respeito dele. Para qualquer um que tenha conhecido a realidade, todos eles parecem mesquinhos e irreais.” (p.47)
Lewis chega até a concordar com esse oficial. Voltar de uma experiência dessas com Deus para o credo cristão é como passar de algo real para algo menos real. É como um homem que já viu o Atlântico da praia e depois olha um mapa do Atlântico. Parece que ele também está trocando a coisa real pela menos real, ou trocando as ondas de verdade por um pedaço de papel colorido.
O mapa não passa de uma folha de papel colorido, mas há duas coisas que devemos lembrar a seu respeito. Em primeiro lugar, o mapa se baseia nas experiências de centenas ou milhares de pessoas que navegaram pelas águas do verdadeiro oceano Atlântico. Da praia só enxergamos um único pedaço do mar. Já o mapa abarca todas as experiências de diversas pessoas.
Em segundo lugar, se você quer ir para algum lugar, o mapa é absolutamente necessário. Enquanto você se contentar com caminhadas à beira da praia, seus vislumbres serão mais divertidos que o exame do mapa; mas o mapa será de mais valia que uma caminhada pela praia se você quiser cruzar o Atlântico.
Lewis conclui esse trecho dizendo:
Na verdade, é justamente por isso que uma religiosidade vaga — sentir Deus na natureza e assim por diante — é tão atraente. Ela é toda baseada em sensações e não dá trabalho algum: é como olhar as ondas da praia. Você jamais alcançará o Novo Mundo simplesmente estudando o Atlântico dessa maneira, e jamais alcançará a vida eterna sentindo a presença de Deus nas flores ou na música. Também não chegará a lugar algum se ficar examinando os mapas sem fazer-se ao mar. E, se fizer-se ao mar sem um mapa, não estará seguro.
Para onde estamos indo? Qual é o nosso mapa? Quem é o capitão do nosso barco?
Otto Neitzel