Por que devo preocupar-me com a igreja? Preciso realmente dela? Não posso ter uma vida correta dentro da moral e decência sem ela? O que é afinal a igreja. Alguém escreveu: “A igreja é uma grande e velha nave. Ela geme, balança, rola, às vezes faz com que a gente se sinta mal. Mas ela chega ao destino. Sempre chega, sempre chegará, até o fim dos tempos. Com ou sem você.”
A igreja preenche uma necessidade que não me é suprida de outra forma. Sem ela sou como uma brasa que está só, afastada do braseiro. Ao invés de continuar queimando essa brasa se torna cada vez mais fria, até que apague totalmente. Então cresce ao meu redor uma infeliz casca de hipocrisia e falta de amor.
A igreja não existe para oferecer entretenimento, mexer em autoestima ou facilitar prosperidade, mas para adorar a Deus e receber dele os benefícios desta adoração. A palavra de Deus nela anunciada tem a capacidade de ser entendida tanto por aculturados como por sem cultura. Ela nivela classes, raças, idades, e gêneros, alcançando a todos os que, pela fé, queiram reconhecer que são pecadores e queiram se reconciliar com Deus. É a família de Deus reunida. Bebês inquietos atarefando mães. Crianças aprontando na hora errada. Jovens com muitos sonhos, adultos distraídos e idosos propensos a um cochilo se o pregador falar demais.
A igreja olha para dentro, atendendo as necessidades dos irmãos. Deus “nos conforta em toda tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós fomos consolados por Deus.” (2Co 1.4) “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente.” (1Ts 5.11) É uma palavra amiga; um aperto de mão sincero; um ombro que ampara; um conselho, agasalho, alimento. Alguém, disse que a igreja é um consultório espiritual. Outro alguém, de modo exagerado e franco, falou: A igreja é como o bar da esquina, um lugar de encontros onde as pessoas sabem tudo da mãe que sofre do coração, do filho adolescente que não acredita nos conselhos do pai, um lugar para desabafar, ouvir as histórias dos irmãos, a espera de consolo, amparo e amor.
A igreja olha para fora, ela serve. Nossa necessidade de dar é tão essencial quanto à necessidade do carente, receber. Tem duas coisas que você não pode fazer sozinho. Uma é casar; a outra é ser cristão só para si mesmo. Quando reconhecemos que nossa culpa foi paga e que só Jesus salva, então estamos prontos e livres para servir. É o que nos convencionamos de chamar de “ação social”.
A igreja não é perfeita como muitos desejam. Aquele que espera encontrar perfeição e santidade em tudo e em todos, muito pouco sabe da natureza humana. Aqui, como todo o romântico, acaba aprendendo que o casamento não o fim, mas o início de uma luta para fazer a vida funcionar. A igreja é um começo de vida, uma vida nova, uma vida em Deus e para Deus e o próximo. Quem perseverar até o fim será salvo. (Ap 2.10)
Guido Ruben Goerl – Pastor emérito da IELB