Estamos vendo, vivendo e revivendo o drama anual das pessoas desabrigadas pelas chuvas aqui na região sul. Em especial, acompanhamos aquelas em Porto Alegre e região metropolitana. A meteorologia ajuda muito, mas não consegue evitar tais situações.
Por outro lado, muito dessas desgraças poderiam ser evitadas diminuindo suas causas sociais, que são no mínimo 3:
- A situação degradante vivida por muitas pessoas por falta de lugar digno de onde morar. Quanto custa hoje ter um local de moradia? Como terão, dadas as condições sociais de baixo salário, despreparo para o trabalho, etc.?
- Outra causa, envolve todos: o descuido com o lixo, a começar pela bituca de cigarro largada na rua. É pouco, mas começa por aí, e o resultado podemos ver no Arroio Dilúvio em Porto Alegre;
- e a terceira, também óbvia, o descaso com a prevenção por parte das nossas autoridades. Só se fala que faltam verbas. Com melhor uso destes pelo governo e pelo povo, teríamos os recursos necessários para prevenção.
Aqui cabem bem as palavras bíblicas, em Jeremias 23.1-2. “Ai de vocês, autoridades, que deixam que o meu povo seja morto e espalhado! Vocês não cuidaram do meu povo, mas o espalham e o fizeram fugir. E agora eu castigarei vocês por causa das maldades que têm feito. Sou eu, o Senhor, quem está falando.”
São palavras duras para sofrimentos do passado, mas muito atuais. Os governos não têm cuidado do seu povo. É hora de tomarmos duas providências: uma, orar pelas autoridades; a outra, sermos mais ousados no cobrar as promessas feitas, nos sentindo responsáveis pelos eleitos, privilégio inexistente no tempo de Jeremias. Cabia apenas sofrer os maus governos. E aguardar a misericórdia de Deus.
Aí entramos nós nesse drama. Estamos nos dando conta de quanto deixamos Deus de lado em todo esse processo? A Tábua dos Deveres, de Lutero, nos ajuda a lembrar. Segundo ele, citando a Bíblia, as autoridades deveriam ser “ministros de Deus”. E nós, povo, capazes de distinguir entre o que cabe a Deus e ao governo. O fato é que sem Deus, povo e governo vivem as consequências desse viver sem Deus. E dentre essas, o descaso na prevenção que permite o sofrimento de toda população. Cabe a todos nós nos arrependermos, nos voltarmos para Deus, buscarmos seu perdão, exercitarmos nossa cidadania, quer sejamos governo ou povo, e praticarmos mais o amor de uns para com os outros.
Pedindo que Deus abençoe a todos com perdão e misericórdia, dando-nos ânimo para ser solidários com os que sofrem com as chuvas desejo abençoada semana de reflexão.
Pr José Daniel Steimetz