Em tempos difíceis de desemprego e corrupção, falta de segurança, de imoralidade, de ausência de fé e muita idolatria, qual o comportamento de um filho de Deus – sua e minha atitude – frente a mil e uma adversidades atingindo a todos e com forças capazes de derrubar o mais alicerçado cristão? Leio no profeta Habacuque estas palavras: “Ainda que a figueira não floresça, nem aja fruto na vide; o produto da oliveira minta e os campos não produzam alimentos; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, e exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3.17,18). Será possível exercer este ainda que e erguer a cabeça acima das ondas da adversidade e continuar respirando e vivendo cristianismo, fé, confiança e esperança?
A Bíblia nos apresenta uma pessoa muito sofrida, rodeada de amigos não muito confiáveis em suas consolações e conselhos que, apesar de perder tudo (Jó 1.13ss) se apega ao ainda que e nos dá uma bela lição de vida. Jó nunca soube a razão de seu sofrimento (Jó 1.12), mas aprendeu que a vida não é só conforto e que Deus está no comando sempre. Ele não tinha respostas para muitas perguntas, mas confiou em Deus que, sabiamente, planejou a sua vida (Ef 1.11) Em meio a maior tempestade de sua vida, Jó manteve seus lábios fiéis ao Senhor. Sua mulher aconselha que amaldiçoe Deus e morra e ele mesmo fraqueja ao dizer “pereça o dia em que nasci”, todavia confessa: “Aceitarei o bem dado por Deus e não o mal?” (2.10). Nossos lábios pertencem a Deus para proferir a sua mensagem. Palavras duras e rudes devem silenciar e tudo o que dissermos deve refletir a graça divina da salvação em Cristo Jesus. Os ouvidos de Jó estavam ligados ao Deus vivo. “Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora meus olhos te viram” (42.5). Os nossos ouvidos pertencem a Deus e são sensíveis a todos que clamam por necessidades espirituais. Não dê ouvidos ao tentador, nem siga os pensamentos deste século (Rm 12.2), mas atente para as palavras do Senhor que fala pelo salmista: “Lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho é a tua palavra”. (Sl 119.105) Jó conectou sua mente à Fonte de toda a sabedoria: “Quem foi que deu sabedoria ao coração e entendimento à mente?” Nossa mente pertence a Deus e nele conectados podemos pensar e agir do mesmo modo como Cristo, que “se esvaziou a si mesmo e foi obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.5).
Será realmente possível viver tudo isso que o grande sofredor viveu e mesmo assim clamar “todavia eu me alegro no Senhor, e exulto no Deus da minha salvação”? Jó confessa: “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado” ( 42.5). O apóstolo Paulo afirma: ”Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13).
Ainda que abatidos e atribulados, cansados e sobre carregados, podemos todavia, clamar: “O Senhor é a fortaleza da minha vida” (Sl 27.1).
Guido Ruben GOERL – Pastor Emérito da IELB