O batismo de Jesus (Lc 3.21-22) marca o início de seu ministério como o Messias, o Filho de Deus, enviado ao mundo para salvar a Humanidade. Quando Jesus foi batizado ele tomou sobre si o pecado de Adão e de todos os seus descendentes e se identificou como o segundo Adão, o legítimo representante de todos os homens perante a justiça de Deus. Portanto, a missão de Jesus não era morrer pelo próprio pecado, mas pelo nosso pecado. Por isso ele diz: “Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça” (Mt 3.15). Ele fez o nosso batismo ser o ato mais importante da nossa vida cristã.
O nosso batismo é o começo de nossa vida de fé. Por isso ele é chamado de “novo nascimento”. Pode-se fazer uma analogia ao primeiro nascimento. Na decisão mais importante da nossa existência não houve participação alguma de nossa parte. Fica fácil verificar que a vida é um presente precioso do Criador. Assim é o segundo nascimento que acontece no Batismo: Deus, com sua ordem e promessa ligadas à água nos dá novo nascimento. Ser batizado em nome de Deus é ser batizado, não por homens, mas por Deus. “O homem se torna uma coisa que ele não era antes” dizia Lutero. O batismo é um verdadeiro meio da graça pelo qual o Espírito Santo traz o pecador à união com o Salvador, dá perdão dos pecados, a salvação, o novo nascimento, a vida nova, a alegria celestial.
O nosso batismo é também o recomeço de nossa vida de fé. O novo nascimento não elimina o velho nascimento. O pecado original continua sendo a origem de todo o mal. Essa foi a constatação de Pedro em sua primeira carta: “O batismo, …, agora também salva vocês, não sendo a remoção das impurezas do corpo, mas o apelo por uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pe 3.21). Há uma luta constante entre a velha e a nova natureza, descrita pelo apóstolo Paulo desta maneira: “Assim, quando fomos batizados, fomos sepultados com ele por termos morrido junto com ele. E isso para que, assim como Cristo foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6.4).
O batismo é o começo e o recomeço de nossa vida de fé. Vale, portanto, o desafio de Lutero: “Por isso considera o batismo como tua vestimenta cotidiana, em que sempre deve andar, para que todo tempo se encontre na fé e em seus frutos, a fim de subjugar o velho homem e crescer no novo”.
Edgar Lemke