Duas palavras muito parecidas, fácil de serem confundidas, mas com diferenças enormes. Autônomo é a pessoa que tem consciência crítica, sabe fazer escolhas, tem opinião formada, pois não segue a maioria. Livre para pensar, discernir entre o que convém e não, humanamente falando. Autômato é o que obedece e segue filosofias de vida sem medir as consequências, sem uma análise crítica, segue o pensamento reinante. A “filosofia” popular tem uma expressão apropriada: “Maria vai com as outras.” Escravo do marketing, do “Zeitgeist”, do pensamento coletivo, da propaganda enganosa, do status, da moda.
Em matéria de religião, penso que podemos usar as duas palavras para definir a humanidade. Autônomo é aquele que depois de ouvir a mensagem bíblica da salvação por Cristo, e convertido por ela, é transformado numa pessoa livre para amar, para servir, apto a enfrentar desafios, decidir entre e bem e o mal, que professa sua fé e vive segundo os preceitos bíblicos, pois tem dentro dele a força do Espírito Santo (1 Co 6.17). O autômato aceita o que lhe chega aos ouvidos, sem questionar, sem uma análise mais profunda, sem conferir as doutrinas anunciadas com as doutrinas bíblicas. Perguntaram a um crente o que ele crê e ele respondeu: “Eu creio o que a igreja crê”. Então lhe perguntaram o que a igreja crê, e ele respondeu: “O que eu creio.”
Lembro dos cristãos de Beréia, cidade visitada por Paulo e Silas em sua primeira viagem missionária (At 17.10ss). Eles “receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim”. Lembro também do senhor Augusto Gowert, residente em São Pedro, cerca de 40Km de Pelotas, que, nos idos de 1900 recebe a visita do pastor Christian J. Broders, missionário da Igreja Luterana dos Estados Unidos. A intenção de Broders era abrir um trabalho missionário entre os imigrantes alemães. Na ocasião o senhor Gowert sabatinou ao pastor Broders para ter a certeza de que este pregador era de fato um pastor segundo a Bíblia. Um cristão autônomo, verificando a autenticidade da palavra anunciada
Como está a pregação da palavra em sua comunidade? Ela é bíblica? Ela está alcançando os corações dos ouvintes? Que tipo de cristãos os seus filhos estão se tornando pelo ouvir da palavra? Os atribulados e aflitos estão sendo confortados? Você poderá argumentar: “Mas eu não estudei teologia para fazer estas análises.” O senhor Gowert também não. Ele conhecia as doutrinas e seu livro de cabeceira era a Bíblia. “O seu prazer estava na lei do Senhor, e na sua lei meditava de dia e de noite.” (Sl 1.2)
Se você de fato e de coração arrependido, não deseja viver um autômato, então atente bem para estas recomendações bíblicas: “Se algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus que a todos dá deliberadamente.” ( Tg 1.5) “Porque o Senhor dá sabedoria e da sua boca vem a inteligência e o entendimento.” (Pv 2.6) “Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos e vive; adquira sabedoria, adquire entendimento e não te esqueças das palavras da minha boca, nem delas te apartes.” (Pv 4.5) “Grande paz têm os que amam tua lei; para eles não há tropeço.” (Sl 119.165)
Guido Ruben Goerl
Pastor emérito da IELB.