Erro humano. É a explicação do governo iraniano após admitir que derrubou o avião que vitimou 176 pessoas. Seria piada se não fosse uma grande tragédia. No entanto, matar por engano é prejuízo esperado nos lucros e perdas das batalhas modernas. Em 1988, os Estados Unidos derrubaram “por engano” um avião comercial iraniano que matou 290 civis, entre elas, 60 crianças. Dados confirmam que nas guerras dos botões que disparam mísseis, 25% das mortes são por engano.
Erro humano é um deboche também na nossa guerra brasileira. A cada dia, um avião é derrubado e ceifa a vida de 200 pessoas assassinadas. E boa parte no número destas vítimas é por engano, alvo do gatilho disparado por criminosos e também por policiais. Balas perdidas e encontradas em gente que não tem nada a ver com a história – tragédias que se tornaram corriqueiras na truculência dos acertos de conta e do “bandido bom é bandido morto”. Tempos atrás um policial no Rio confundiu guarda-chuva com fuzil e matou um garçom. Perigosamente, o espaço terrestre no Brasil se tornou impróprio para a saúde pública tanto quanto o espaço aéreo no Oriente Médio.
– “Foi sem querer”. É a desculpa fria que gostamos de dar. Mas, no fragor de nosso empenho para defender aquilo que achamos certo, por engano abatemos esposa, marido, filhos, colegas, amigos. São batalhas travadas pelo egoísmo, ciúmes, ambição, raiva, e que deixam vítimas por violência verbal, física e psicológica. Na família, no trabalho, no trânsito, na escola, no esporte, na política, nas redes sociais – tudo virou campo de batalha.
Erro humano tem outra explicação: “Todos se desviaram do caminho certo (…) Por onde passam, deixam a destruição e a desgraça” (Romanos 3). Seria o fim se o Criador não tivesse colocado fronteiras no domínio para matar, a exemplo do que acontece na briga entre Estados Unidos e Irã que não usam toda força bélica, pois sabem que nesta guerra ninguém vence. Mas, Deus faz muito mais quando a vida não é só escapar ileso de bombas e balas. “Se Deus está do nosso lado, quem poderá nos vencer?” (Romanos 8.31). “Ninguém”, responde o texto sagrado. E diz mais: “Estamos em perigo de morte o dia inteiro (…) Mas, em todo o Universo não há nada em possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus”. Assim não precisamos mais dar desculpa fria.
Marcos Schmidt
Pastor luterano
[email protected]