Há diversos artigos rodando na Internet com o título “Os Desigrejados”. Um deles , de autoria do Rev. Augustus Nicodemus Lopes, foi trazido pelo colega Otto para estudo no nosso grupo de jovens. O autor comenta que muitos destes “estão apenas decepcionados com a igreja institucional e tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma”. E continua: “Todavia, existem aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus”. O autor afirma que, em linhas gerais, os desigrejados defendem os seguintes pontos para abandonarem as igrejas institucionalizadas:
- Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.
- Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas que acabaram deixando Deus de fora.
- Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.
- A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários.
- De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que creem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18.
- A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho.
O Autor concorda que há fundamento em alguns desses pontos e diz que os desigrejados estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. E faz contrapontos entre os quais destaco os seguintes:
- A igreja foi fundada sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pd 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã.
- A declaração de Jesus mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pd 2.4-8).
- Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20).
- Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.),
- Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16).
Se levarmos em conta a nossa lista de membros e compararmos com os que participam da vida da igreja, temos muitos desigrejados em nosso meio. É claro que Deus não está preso a uma congregação ou grupo religioso! Mas se encarnou na Palavra e Sacramentos para que pudéssemos tê-lo graciosamente nos perdoando e salvando em Cristo. Sei que foi através de uma congregação cristã que fui batizado, aprendi as verdades fundamentais da fé cristã, sou alimentado com a Palavra e a Santa Ceia. Isto acontece porque pessoas antes de mim se congregaram, oraram o Pai NOSSO e foram fiéis à Palavra. Longe dos irmãos na fé minha vida e minhas orações se tornam muito egoístas e o Evangelho não chega às gerações futuras.
Edgar Lemke