Muito se discute sobre a pena de morte. Alguns estão a favor, outros contra. Haverá um dia unanimidade? Só um decreto pode acabar com a polêmica.
O Antigo Testamento relata do convívio do povo de Deus com deuses falsos. Moloque, assim era seu nome, era um deus pagão adorado pelos que viviam em e ao redor de Canaã, o que, de certa forma, afetava o povo de Deus. A adoração a Moloque envolvia sacrifícios de crianças. Se um pai chegasse a ponto de sacrificar um filho ao deus falso, do que mais não seria capaz? Para dar um basta a essa terrível situação Deus, por intermédio de Moisés, ordena: “Qualquer dos filhos de Israel ou dos estrangeiros que peregrinarem em Israel, que der seus filhos em sacrifício a Moloque, será morto; e o povo da terra o apedrejará.” (Lv 20.2) Estava assim decretada a pena de morte que também valia em casos de adultério, blasfêmia, maldição aos pais e outros pecados graves. Para um povo de coração duro, teimoso só mesmo uma lei radical para impedir o pior. (Ex 32.9)
O apedrejamento atravessa os séculos e chega até Jesus. Alguns do povo, incluindo os fariseus, sempre a espreita de um deslize do Mestre, com pedras nas mãos, apresentam-lhe uma mulher pega em adultério (Jo 8.3), o que segundo a Lei de Moisés ela deveria ser apedrejada e perguntam: “Tu, pois, o que dizes?” Jesus responde: ”Quem estiver sem pecado, que atire a primeira pedra nesta mulher.” As pedras foram deixadas no chão, os algozes se retiraram, um a um, e Jesus fala para a mulher: “Eu também não lhe condeno. Vá, e não peque mais.” (Jo 8.11). Inaugura-se aqui um novo tempo: de perdão, de amor, de vida. A partir de agora o amor deve corrigir os erros e levar seus protagonistas a uma nova vida de arrependimento, de fé, e de amor. E quem inaugura este novo tempo é o próprio Jesus ao entregar-se a si mesmo em sacrifício pelos nossos pecados – por amor. Larguem as pedras – elas não servem mais para fazer justiça.
Você dirá: “Eu nunca peguei em pedras para jogá-las em alguém!” Você tem, sim, pedras nas mãos quando não perdoa a quem lhe fez mal; quando sua raiva se transforma em ódio contra o seu irmão; quando sua paciência ultrapassa a faixa limite do tolerável; quando você deseja mal a alguém para beneficiar-se; quando sua inveja o estimula a eliminar estrategicamente seu concorrente; quando você considera seu pai um velho ultrapassado; e por aí vai. Onde há conflitos tem pedras.
Você até pode jogar as pedras, mas não deveria, pois no olho do outro tem apenas um cisco, enquanto que no seu tem uma trave. (Lc 6.41) Esta trave impede que você veja a realidade – o seu pecado é maior que o dele. Lembre as palavras de Jesus: “Quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra.”
Largue as pedras no chão e lave a poeira das pedras em suas mãos no sangue do Cordeiro, que purifica de todo pecado. (Tg 4.8 e Is 1.18)
“Vá, e não peque mais.”
Guido Ruben Goerl – Pastor emérito da IELB