A polarização entre direita e esquerda em âmbito nacional, registrada nas pesquisas eleitorais, se acentuou na medida em que se aproxima o dia do primeiro turno das eleições. Bolsonaro em um extremo e Haddad em outro devem decidir no segundo turno quem ocupará o cargo máximo de nosso País. Essa possibilidade encandeceu os ânimos dos candidatos e dos eleitores a ponto de não haver qualquer tolerância de ambos os lados. As mídias sociais estão repletas de “fake News” e de ofensas aos oponentes a ponto de não se esperar coisa boa num país tão dividido. Uma boa dose de tolerância não nos faria mal num contexto desses.
Os discípulos de Jesus perderam a paciência com um concorrente religioso que estava operando sinais em nome de Jesus e proibiram-no de fazer isso porque não era do grupo deles. Então Jesus lhes ensinou a serem tolerantes: “Não o proíbam, pois não há ninguém que faça milagres pelo poder do meu nome e logo depois seja capaz de falar mal de mim. Porque quem não é contra nós e por nós” (Mc 9.39,40).
A conclusão de Jesus em matéria de cristianismo é muito clara. Há duas possibilidades: a favor ou contra Jesus. Não há uma “terceira via” nesse assunto. Por sinal, este é o sentido profundo da mensagem das Escrituras. Ela fala da existência de dois reinos distintos, o reino de Deus e o reino de Satanás. Não faz referência a um território neutro, uma espécie de terra de ninguém, uma situação em que não se é nem de Deus e nem do diabo. Ou vivemos em comunhão com Deus em Cristo ou somos prisioneiros do reino das trevas.
Mesmo havendo somente essas duas possibilidades, Jesus ensinou a tolerância em relação ao não pertencente ao grupo. Se em matéria de fé este foi o ensino de Jesus, abre-se espaço para revermos nossas posições nas questões políticas também. Um pouco mais adiante Jesus comparou seus seguidores ao sal, como uma coisa útil para temperar e purificar a sociedade. E concluiu: “Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros” (Mc 9.50).
Edgar Lemke