Eu tenho lá os meus medos e não estou sozinho. Esse sentimento de inquietação ante a noção de perigo real ou imaginário (Aurélio) é experiência da humanidade desde o dia em que Adão fugiu de Deus: “Eu ouvi a tua voz, e fiquei com medo” (Gn 3.10). Na resposta que Deus deu há uma notícia ruim e outra boa.
A notícia ruim se atualiza tragicamente diante de nós de tempos em tempos: “Por causa do que você fez, a terra será maldita” (Gn 3.17). O que é esta tragédia que atingiu algumas cidades do Rio de Janeiro? Mais de 350 mortos por causa de uma avalanche causada por chuvas torrenciais! Culpa da natureza desequilibrada, das construções em terrenos impróprios, das autoridades que se preocupam só durante as tragédias? Sem dúvida, a resposta está ligada ao “por causa do que você fez”.
A notícia boa dada por Deus se repetiu na História de seu amor em salvar o mundo ao prometer que através da “descendência” da mulher viesse o Messias prometido (Gn 3.15). Os mensageiros de Deus que anunciaram a concretização dessa promessa costumavam dizer: “Não tenhas medo”. Foi o que o anjo disse a Zacarias ao anunciar o nascimento de João, o precursor do Messias. Foi o que Maria ao ouviu ao saber que seria mãe do Salvador. Foi o que o anjo falou aos pastores por ocasião do nascimento de Jesus. Foi o que o Mestre deixou registrado para ouvirmos tantas vezes quantas precisamos: “Não tenham medo, sou eu!” (Jo 6.20).
Meus medos, de vez em quando, estão relacionados às coisas rotineiras da vida: família, sustento, saúde. Meus medos, nesse sentido, não me permitem dizer resignadamente como Lutero compilou no seu famoso hino Castelo Forte: “Se vieram roubar os bens, vida e o lar, que tudo se vá, o céu é nossa herança”. Eles me são muito preciosos.
João escreveu: “Deus é amor; no amor não há medo” (1 Jo 4.16, 18). Se é assim, meus medos estão relacionados à minha fraqueza de fé. Não quero me curvar a eles. Eu preciso do Senhor Jesus. Meus medos, pecados e culpas o levaram à morte. Mas ele não permaneceu na morte. Ele tem autoridade e poder para prometer: “Não tenhas medo”. Eu preciso ouvir muitas vezes esta palavra. Você precisa?
Edgar lemke
Sem comentários