O MEC editou um livro didático destinado a jovens e adultos que trata incorreções gramaticais como “norma popular”, aprovando a fala em concordância gramaticalmente incorreta como, por exemplo, “os livro”. Mas faz um alerta para o risco de preconceito para quem se expressa dessa forma.
A polêmica se estabeleceu e há quem defenda e quem condene esse livro, já que se dispõe a ser didático. A doutora em Letras, Ana Maria Stahl Zilles (ZH, 19/05/2011) opina assim: “Acho que faz todo o sentido reconhecer junto com o aluno que a variedade que ele fala existe e é legítima”. David Coimbra (ZH, 22/05/2011), se contrapõe a essa opinião e supõe que jovens e adultos vão à escola com o propósito de corrigir seus erros e aprender a se expressar corretamente.
Nessa discussão, sou mais David Coimbra, pois se a gente não se esforça para escrever corretamente, a nossa fala vai ter muito mais incidência de erros e eu vou acabar dizendo que nesse ano já “houveram” muitas oportunidades de culto na CELC e muitas outras “haverão” para “mim” oficiar. Livro didático com incorreções gramaticais mata a letra.
Não na gramática, mas na prática cristã, o apóstolo Paulo escreveu: “A letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Co 3.6). Ele está se referindo a Lei de Deus e a impossibilidade de a cumprirmos segundo sua exigência. Por isso a letra mata. A opinião de Lutero esclarece esse ponto: “Deus julga conforme os propósitos do coração. Por isso também sua lei reivindica o fundo do coração e não se dá por satisfeita com obras. Ao contrário, ela pune aquelas obras que não vem do fundo do coração, por serem hipocrisia e mentira. Daí porque todas as pessoas são chamadas de mentirosas (Sl 116.11), pois ninguém consegue cumprir a lei de Deus do fundo do coração”.
Por isso foi necessário que Cristo cumprisse a Lei voluntariamente em nosso favor. A morte de Jesus, sua ressurreição e o envio do Espírito Santo ao nosso coração nos dão nova vida. A letra, com seu foco no pecado, mata, mas o Espírito de Deus dá vida, “caracterizada pela prática do amor de Deus e da fé em Jesus num ambiente de esperança, liberdade e santidade, que o foco da lei simplesmente não tinha como contemplar” (Comentário da Bíblia Conselheira).
No mais, que o “espírito” do tal livro didático que trata de incorreções gramaticais seja ensinar os alunos a se expressar corretamente.
Edgar Lemke
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